segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Uso de bebida alcoólica pelos pais

Uma internauta encaminhou uma questão que achei bem interessante. Ela diz que tem filhos com oito e 12 anos e que a família do marido, de origem italiana, gosta muito de se reunir e que nos encontros e festas que promovem consomem muita cerveja. Por isso, a geladeira da casa está sempre bem abastecida da bebida que é consumida com regularidade, mas apenas nos finais de semana.
A dúvida de nossa leitora é a respeito das influências que esse costume pode ter na formação dos filhos. Ao conversar com o marido a respeito do exemplo que dão aos garotos, ele contestou a preocupação dela dizendo que os meninos nunca viram os pais bêbados, dando vexame ou perdendo um dia de trabalho por causa de bebida em excesso.
Devo dizer que adorei a resposta do pai dos garotos. Ele sabe que o maior exemplo que os pais dão aos filhos não é sobre o que fazem ou deixam de fazer. Se fosse assim, pais que trabalham com dedicação e esforço teriam filhos que estudariam da mesma maneira, não é verdade? Mas sabemos muito bem que não é assim.
O maior exemplo que os filhos têm dos pais é a maneira como estes lidam com as questões da vida. No caso da bebida alcoólica, por exemplo, é preciso reconhecer que ela faz parte do nosso estilo de viver: é oferecida em quase todos os eventos sociais, está presente nas reuniões de amigos e de familiares. A questão, portanto, não é beber ou não e sim saber beber, ou seja, controlar a ingestão da bebida e não ser controlado por ela. Além disso, os filhos cujos pais bebem socialmente precisam aprender também que é preciso crescer para ter acesso a esse ritual. Crianças e adolescentes não devem beber com os pais.
Os filhos cujos pais recorrem à bebida alcoólica sempre que têm alguma angústia ou aflição irão aprender o princípio do uso das drogas: para escapar de inibições, problemas ou aflições, basta encontrar a substância certa para usar.
Crianças cujos pais bebem quando estão bem e para celebrar a vida e o encontro de amigos e familiares, como é o caso dos filhos de nossa leitora, podem aprender que há um limite para a bebida porque percebem que chega uma hora em que os pais dizem: “agora chega”. É isso que permite a ingestão de bebidas alcoólicas com controle.
Mesmo pais que extrapolam seus limites de vez em quando podem ensinar a seus filhos que não devem fazer o mesmo. Para tanto é preciso humildade para reconhecer esse comportamento como um defeito ou falha que tem e afirmar que não quer que os filhos tenham o mesmo. E esse reconhecimento permite a correção, a superação.
Afinal, como sempre repito, queremos que nossos filhos sejam melhores do que nós, não é isso?

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